segunda-feira, 2 de março de 2009

sábado, 28 de fevereiro de 2009

...a cidade e a politica...

Quatro grandes coisas formam a cidade de que falarei agora. Seis é feita da mistura do tempo, do meio, do indivíduo e da sociedade. Uma mescla que dá forma à cidade da política e da representação mais democrática que já tive a honra de conhecer.
Refletindo sobre esta cidade, uma coisa me chamou a atenção e talvez seja esta a imagem mais próxima da realidade cotidiana. Vi que todos os habitantes desta cidade, sempre instruídos, carregam sob o braço um pequeno livreto que fala dos quatro ingredientes necessários para que ela exista.
Para eles, o tempo é um fluir constante. Incessante. Abstração da percepção do movimento das coisas. Expressão da relação entre anterior e posterior. Percebem o meio como espaço, extensão indefinida. Uma inércia dinâmica, um conter e estar contido. Experimentação, preenchimento e acolhimento. Têm no indivíduo um eu coletivo, uma maneira de sobreviver com igualdade, um personagem indispensável para a democracia. E finalmente a sociedade é a coletividade, a variedade, a diversidade e a multiplicidade. Vastidão do viver individual. Resultado prático da proposta de vida de cada um, focada na existência do outro.
Observando assim esta cidade parece abstrata e de difícil compreensão. Exatamente. Ela é tão complicada quanto é democrática. Não poderia ser diferente, pois além de todos serem iguais (nos traços físicos, intelectuais e culturais) existe uma constante ausência das dificuldades e do próprio caos. A realidade hermética de Seis sobrevive bravamente nos ideais mais íntimos de seus habitantes.
Entretanto, paralelamente a esta Seis existe outra Seis onde observa-se apenas ratos, dragões e almas desgarradas. Nesta segunda cidade, à moda de uma terra sem lei, tudo se pode, nada é proibido ou negado. Não existem leis, e seu governo desconsidera uma possível relação formal tampouco uma mínima igualdade entre os seus habitantes.
Felizmente não se pode sair ou adentrar em qualquer uma das versões desta cidade. Isso porque ao primeiro contato os intelectualmente instruídos invejariam as almas desgarradas, ao mesmo tempo em que os ratos devorariam algum dos quatro grandes ingredientes da própria Seis.








MAPA DA POLÍTICA





A TOPOGRAFIA DA IDENTIDADE


Eu me encontro na ponta do lápis
No inverossímil ápice do cone
Ponto geométrico
Dissolvendo-se no plano do papel
Ali no limiar do sólido e do granuloso
Posso me encontrar

Encontro-me ainda na beira
De um copo
Todo lâmina
À espera de transbordar
De um lugar a outro
O que não é seu

Em uma conversa também
Posso encontrar-me
No espaço imaterial
Entre dois corpos
Quando deixo-me abandonar
O confronto das vozes,
Levando meu espírito,
Mostra-me quem sou

Por fim
Encontro-me ao caminhar
Por aí, ao léu
Ao assumir a queda constante
Onde vivo
Continuamente frustrada
Por pé ante pé





ENTREVISTA COM ALEXANDRE TORRICELLI
[Alexandre Torricelli (Boina) é arquiteto, formado pela Universidade São Francisco, Itatiba/SP]

Quando convidado para escrever sobre o ENEA Recife e Olinda, comecei a buscar em minha memória, encontrando com facilidade diversos momentos marcantes, alegres e divertidos. Porém para elaborar algo mais completo como um trabalho de conclusão de curso merece, ainda assim não sei se fui capaz, portanto exponho a seguir a minha opinião, como ex-estudante, arquiteto recém formado e naquela oportunidade era Diretor de Documentação e Informação da FeNEA. Consultando tudo que tive acesso sobre o encontro, fotos, textos, manuais. E num momento de nostalgia passei varias horas contemplando e relembrando a cada foto. Hoje estamos iniciando 2009, quando o ENEA será em Belo Horizonte , portanto passaram-se quase 3 anos, Falando não parece muito tempo, mas para mim foi. Um tempo que não retorna mais, mas que quando olho para trás tenho a certeza de que cada momento valeu. Nunca tinha revisto fotos antigas de encontro com esse foco de retratar a minha visão sobre o encontro, portanto me desculpe se esquecer de algo muito marcante, pois tenho certeza que cada estudante tem uma visão singular do encontro.
Durante a gestão 2005-2006 como descrevi acima era DDI da FeNEA, e acompanhando a construção do encontro algumas propostas da comissão organizadora eram bem inovadoras pois colocavam o participante como ator principal, desempenhando diversas tarefas essenciais para o transcorrer do encontro. No começo do encontro isso foi passado ao participante, mas como a realidade em todos os encontros anteriores sempre foi assistencialista, o participante se via numa posição de consumidor, as células acabaram por não suprir a demanda do encontro, causando transtornos e imprevistos.
Meu dia-dia no encontro restringiu-se aos assuntos da diretoria de documentação e informação, onde pudemos colocar em dia algumas pendências e deixar encaminhamentos para nova gestão que entraria.
Um encontro como foi em Recife e Olinda pode propiciar aos participantes uma viagem pela história ao súber as ladeiras do centro histórico de Olinda, a cidade enea localizava-se próxima ao mercado municipal e que proporcionava a todos o fácil acesso a Olinda. Para chegar a Recife um simples coletivo na porta da cidade enea também tinha destino certo, o centro antigo do Recife, com uma arquitetura histórica, no qual muitos estudantes de arquitetura só têm oportunidade de conhecer através de fotos.
Pessoalmente estava cansado no enea, foi um ano difícil, era meu sexto encontro naquele ano, meu semestre na faculdade teve notas sofridas e ainda por cima levei 58 horas para chegar até Olinda. Entretanto cada encontro é um novo encontro e reencontro, rever pessoas que desconhecidas que convivi apenas alguns dias da minha vida, mas nos falávamos semanalmente pela internet, matar a saudade de pessoas diariamente tão próximas, mas geograficamente tão distantes.
Acredito que diante de todos os imprevistos que aconteceram em Recife e Olinda, ainda assim o encontro foi muito bom, pois colocou aos participantes novas perspectivas de se encarar um encontro, a tão falada construção coletiva, principalmente na hora das refeições e atividades. A infra-estrutura do quartel não suportou a demanda, como aliás aconteceu também nos anos anteriores, porém a magia de subir e descer as ladeiras históricas atrás de um conjunto de metais tocando frevo é de arrepiar toda vez que se escuta novamente.
Enfim não sabia muito que falar sobre o ENEA Recife e Olinda e as palavra acima ilustram para mim mais que apenas um encontro, foi uma experiência singular, que apenas quem pode acompanhar sabe, e se um dia for a outro encontro o espírito será parecido, num lugar similar com pessoas diferentes, mas a magia é sempre a mesma.



SEIS, A CIDADE DA POLÍTICA
O XXX ENEA aconteceu simultaneamente nas cidades de Recife e Olinda, no ano de 2006.
Foi um encontro de certa forma atípico para mim e para parte da delegação da UFSC. Estávamos levando para o nordeste brasileiro a candidatura de Florianópolis para sediar o próximo encontro.
Ficou evidente a proposta da comissão organizadora de fazer um encontro onde cada participante tinha seu papel, seus direitos e deveres, onde todos seriam iguais independentemente de cargos ou denominações. Porem muitas coisas ficaram só na teoria. Problemas de infra-estrutura, falta de informação das atividades, descomprometimento dos participantes somados a uma região com diversos atrativos turísticos fizeram com que o encontro acontecesse a revelia de muitas expectativas.